segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A França e a greve.

Parece que estas duas palavras são inseparáveis; que quando se pensa numa delas, a outra surge logo na nossa mente para nos fazer lembrar que não pode haver uma sem a outra. Sim porque uma das características mais conhecidas da França são mesmo as greves.
E neste momento, isto é mais do que verdade. Pois, é que por estas bandas não se fala em outra coisa. São dias a fio em que não se houve outra coisa a não ser: "greve dos estudantes, das refinarias, dos transportes", "impedir a aprovação da reforma das pensões", "falta de combustível"; "Sarkozy inflexível" e etc...
Normalmente não sou a favor das greves que vão por ai surgindo por um sim ou por um não, porque está muito frio ou demasiado calor, porque tenho insónias, porque gosto de me queixar, ou simplesmente  porque não tenho mais nada para fazer.
Mas desta vez, não é assim. Esta reforma é importante. Trata-se do nosso futuro. Não quero passar a vida a trabalhar (ou morrer a trabalhar), não é que seja preguiçosa, ou que não goste de trabalhar mas penso que aos 60 anos já terei dado tudo que tinha a dar no meu trabalho, e que já será tempo de passar a tocha aos mais jovens.
é que eu não estou a ver muita gente que, aos 65 anos, ainda esteja em boa forma física para poder se arrastar até ao trabalho. Sim, porque ao contrario aos rumores que andam por ai a flutuar não se tratam de 62 anos, mas sim de 65 ou 67 (segundo o emprego e a idade de entrada na vida activa). Os 62 anos correspondem a idade legal de reforma, mas recebendo apenas uma parte da pensão ( ou seja um montante miserável que nem para pagar a renda dà).
Também, não percebo como é que a luta contra o desemprego pode ser um dos principais objectivos do governo se este tipo de medidas só o vão piorar.  Eu explico: como é que os jovens vão poder arranjar emprego se estes estarão todos ocupados por pessoas mais velhas, já que estas serão obrigadas a trabalhar mais tempo? A menos que haja um explosão de empregos novos, ou que os desempregados ganhem todos o euromilhões e que não precisem mais de trabalhar, ou que haja um milagre que é coisa parecida.
Podia continuar a discursar sobre isto (como por exemplo como é que uma pessoa de 65 anos ainda consegue carregar 50 quilos de cimento, subir 5 andares, ou simplesmente ver o suficiente para ler ou conduzir) mas penso que já chega, que já perceberam a minha opinião.
O pior, é que tenho a certeza que esta reforma vai ser votada e que là estarei eu, aos 60 e tal, apoiada numa bengala a tentar ter alguma autoridade sobre alunos que estarão então na força da idade.

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